Muito prazer, sou a Raízen, uma empresa de carbono livre

IVIAGORA


Muito mais que uma usina de açúcar etanol, é assim que a Raízen se apresenta aos investidores em sua chegada ao mercado de capitais

A Raízen, uma das cinco maiores empresas do Brasil, com receita líquida superior a R$ 115 bilhões ao ano, chegará à B3 como um negócio cujo valor agregado vendido aos investidores está muito além da produção de etanol e da distribuição de combustíveis. Está na neutralização do carbono, que durante a pandemia se consolidou como inimigo número 1 do mundo, temporariamente atrás apenas do vírus Sars-Cov-2. Assim define matéria produzida pela revista Exame.

De acordo com a Exame, a empresa brasileira é a melhor posicionada globalmente para explorar o etanol de segunda geração, produzido a partir da celulose da cana-de-açúcar (o rejeito) e não da cana, propriamente. Já existe uma produção pequena em andamento e o que faz o olho do investidor brilhar é justamente o ganho de escala dessa tecnologia.

A produção a partir dos coprodutos da cana (bagaço, vinhaça, palha e torta de filtro) é quase a única que interessa aos exigentes investidores europeus, no quesito sustentabilidade. Isso porque não compete com a produção de alimentos. Parte dos entusiastas da energia limpa do futuro torce o nariz para biocombustíveis que possam concorrer com o abastecimento global de alimentos, como aqueles vindos do milho, da canola ou da soja.

O que a Raízen evita por ano em emissão de carbono — 5,2 milhões de toneladas — é mais do que as 3,7 milhões de toneladas que a Tesla já evitou em 11 anos. Além disso, equivale a 2,5 milhões de carros a menos em circulação.

Por ser um IPO “livre de carbono”, ou de baixíssimo impacto, a Raízen concentrou os esforços de colocação da oferta fora do Brasil. Mas isso foi na prévia do road-show. Agora é que são elas. No Brasil, pelo menos, os investidores indicavam que uma avaliação aceitável estava em torno de R$ 70 bilhões. Por aqui, o mercado está acostumado a enxergar a operação como uma "usina" de açúcar e álcool. Mas a empresa se apresentou como muito mais.

A companhia mais comparável à Raízen — em parte do negócio — e usada nas conversas com investidores é a finlandesa Neste, avaliada em 42 bilhões de euros na bolsa de Helsinque, e é uma das queridinhas do “carbon free”. A empresa, cuja receita líquida foi de quase 12 bilhões de euros no ano passado e o Ebitda, de 1,5 bilhão de euros, produz 3 bilhões de litros de diesel verde. É negociada, portanto, a bem mais do que 20 vezes Ebitda.

A Raízen tem reforçado ter condições, sem a necessidade de nenhum hectare adicional, de ampliar a produção em mais de 3 bilhões de litros (2 bilhões em etanol de segunda geração e mais o equivalente a 1 bilhão de litros em biogás), ou uma Neste inteira. Esse adicional soma-se a sua produção atual, que foi de 2,5 bilhões de litros na safra passada. Sem esses extras, no ano-safra terminado em março, o Ebitda da companhia foi de R$ 6,6 bilhões. Um múltiplo de 20 vezes aqui aplicado levaria o negócio a mais de R$ 115 bilhões — sem aumento de produtividade e sem Biosev, apenas sobre 2021.

Hoje a empresa é avaliada entre R$ 67,5 bilhões e R$ 86,5 bilhões, e a expectativa é de que, após o IPO, a Raízen aumente seu valor — ficando entre R$ 75 bilhões e R$ 100 bilhões. Os dados reforçam o otimismo do mercado com aquele que deve ser o maior IPO do ano.

Na quarta-feira (14), a Raízen informou que espera a faixa indicativa das suas ações entre R$ 7,40 e R$ 9,60. Considerando o teto da faixa, o IPO pode movimentar até R$ 7,7 bilhões, o que a credenciaria entre as maiores da história da B3.

Segundo o prospecto da Raízen, a oferta consistirá na distribuição pública primária de, inicialmente, 810,8 milhões de novas ações a serem emitidas pela companhia. O preço por ação será fixado no dia 3 de agosto e o início de negociação dos papéis na B3 está estimado para acontecer dois dias depois, 5 de agosto.

A Raízen está certa, é uma empresa de carbono livre.

Fonte: CanaOnline com informações da Exame.