Precisamos trabalhar juntos para melhorar a produtividade da pecuária

IVIAGORA


A pecuária de corte é uma das mais importantes atividades do agronegócio brasileiro. São produzidos 9,5 milhões de toneladas de carne bovina por ano. Desse total, cerca de 80% (7,6 mi t) são consumidos internamente e 20% (1,4 mi t) são exportados para mais de 150 países, com receita superior a R$ 24 bilhões/ano. Por conta dessa força impressionante, a pecuária movimenta mais de R$ 70 bilhões somente dentro das fazendas.

 

Esses números realmente fantásticos devem-se ao trabalho incansável de cerca de 1,3 milhão de produtores espalhados por todo o país e às perfeitas condições do país para a pecuária. Ou seja, temos gente competente e terras, água e clima propícios.

 

Na base da cadeia produtiva, estão segmentos que se complementam com perfeição: genética, nutrição e sanidade. A associação entre eles proporciona a retaguarda necessária para a pecuária brasileira avançar com consistência, cumprindo sua missão de alimentar o mundo.

 

Os ganhos nesses campos são igualmente excepcionais. Nas últimas duas décadas a produtividade da pecuária brasileira obteve saltos incríveis. A média da idade do primeiro parto melhorou mais de um ano, estando em torno de 40 meses. O gado também está indo para o abate mais cedo, também na faixa dos 36/40 meses de idade, na média.

 

Esses e outros indicadores de produção e reprodução projetam a pecuária brasileira para o futuro. Seremos cada vez mais proeminentes na oferta de alimentos de qualidade. A população mundial está em crescimento. Em 10 anos, serão mais 1,5 bilhão de pessoas no planeta. Nosso país tem a responsabilidade de fazer a sua parte e produzir sempre mais e melhor.

 

A má notícia é que estamos progredindo, porém em ritmo aquém do possível. Isso se deve a uma série de fatores ligados direta e indiretamente à cadeia produtiva.

 

A produção extensiva é um desses desafios. Apesar de progressos, o nível médio de 1 UA ainda é baixo. A duplicação desse indicador é perfeitamente possível somente com o uso da tecnologia disponível em termos de genética, nutrição e sanidade, além de gestão.

 

Outro fator que salta aos olhos é o baixo uso de genética provada, seja fornecida pelas empresas especializadas seja pela aquisição de touros devidamente avaliados em programas de melhoramento sérios e profissionais.

 

Segundo o mais recente levantamento da Asbia, em 2017 somente 11,7% das fêmeas de corte em idade reprodutiva foram inseminadas. É muito pouco. Por outro lado, são comercializados somente 40/50 mil touros avaliados por ano, uma fração da real necessidade da pecuária nacional por reprodutores efetivamente melhoradores.

 

Nesse aspecto em especial, é importante destacar que sem genética de qualidade, que impulsiona os indicadores de produtividade, a pecuária não avança no ritmo desejado.

Em outras palavras, o país poderia estar ainda melhor em ganhos produtivos caso mais pecuaristas trocassem os seus bois de boiada por touros avaliados.

 

O melhor caminho para mudar esse cenário é o uso de genética provada ou de touros avaliados por provas de desempenho e originários de programas de melhoramento genético reconhecidos. Esses animais são acompanhados a vida toda – do nascimento à idade adulta. Eles têm indicadores de produção e reprodução que contam sua história.

 

Dessa forma, os criadores podem levar para suas fazendas os reprodutores que melhor se adaptam às condições ambientais e aos propósitos dos seus projetos pecuários.

 

Uma técnica relativamente nova, que ganha espaço porque também contribui efetivamente para a seleção e, portanto, para o aumento da produtividade, é a genômica. Essa tecnologia faz muito sucesso no exterior e já está disponível no Brasil. Sua função é muito importante, pois a partir da análise do DNA é possível fazer uma série de escolhas, a começar pelos acasalamentos, potencializando as combinações voltadas para os objetivos de cada fazenda.

 

Quanto mais criadores se juntarem a esse movimento em busca da produtividade e da eficiência na pecuária, melhor para a atividade e para o país, pois isso significa animais mais precoces sexualmente, com boa carcaça e prontos para o abate mais cedo.

 

É mais produção de carne bovina por hectare, tornando o Brasil um player ainda mais importante para o atendimento da demanda global por alimentos. A responsabilidade é compartilhada e os criadores têm de fazer a sua parte.

 

Paulo de Castro Marques

Proprietário da Casa Branca Agropastoril