Ex-chefe de gabinete do juiz Odilon é condenado a 41 anos e três meses de prisão

IVIAGORA


Com o fracasso da delação premiada, que foi rejeitada pelo Ministério Público Federal, mas marcou a campanha eleitoral, Jedeão de Oliveira foi condenado a 41 anos, três meses e oito dias de prisão. Ele foi chefe de gabinete por 21 anos do juiz federal Odilon de Oliveira, candidato a governador nas eleições deste ano.

A sentença do juiz Dalton Igor Kita Conrado, da 5ª Vara Federal de Campo Grande, foi publicada nesta sexta-feira. Além de cumprir a pena em regime fechado, ele deverá pagar multa de R$ 6,2 mil pelo desvio de dinheiro da 3ª Vara Federal Especializada em Crimes do Sistema Financeiro e Lavagem de Dinheiro.

Jedeão foi condenado por usar a função de confiança de servidor público federal para se apropriar de dinheiro apreendido pela Polícia Federal. Ele poderá recorrer contra a sentença em liberdade e só irá começar o cumprimento da pena quando a sentença transitar em julgado, que pode levar muitos anos.

O juiz o absolveu de três acusações, pelos desvios envolvendo os processos da Operação Vulcano, de Nilson Monteiro da Silva e Amauri Francisco da Silva.

Além da prisão, o ex-assessor ainda pode ser condenado a devolver R$ 10,6 milhões aos cofres públicos, que inclui o ressarcimento do dinheiro desviado da Justiça e o pagamento de multa e indenização por danos morais coletivos.

Correição extraordinária do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, feita a pedido do magistrado, confirmou a denúncia. Jedeão foi exonerado do cargo e foi denunciado pelo MPF.

Durante a campanha eleitoral, em julho deste ano, Jedeão de Oliveira procurou a Procuradoria da República em Campo Grande e propôs acordo de delação premiação contra o ex-chefe. No entanto, o MPF não viu provas das acusações e rejeitou a colaboração premiada.

O escândalo foi descoberto em junho de 2016, quando a juíza substituta Monique Leite Marchioli descobriu que Jedeão não tinha encaminhado para o banco dinheiro apreendido. Ele comunicou o titular da vara, o juiz Odilon de Oliveira, que denunciou o então assessor e primo à Polícia Federal

Em decorrência da acusação feita com base na denúncia de Jedeão, de que Odilon vendia sentenças para traficantes, o governador foi acionado no Superior Tribunal de Justiça.

Durante os debates, o juiz disse que não promoveu o primo, mas encaminhou o caso para a Polícia Federal e o demitiu da 3ª Vara Federal. Odilon sempre enfatizou que o ex-assessor enganou a PF, o MPF, os demais colegas e até o TRF3, que fez as correições e nunca desconfiou do desvio de dinheiro.