Defesa diz que trabalhará de madrugada para ler 'mil páginas' sobre prisão

IVIAGORA


 

O advogado Renê Siufi, que defende o empresário Jamil Name e o filho, disse que vai trabalhar durante a madrugada para definir os próximos passos da defesa. Isto porque, segundo ele, a decisão sobre a prisão dos dois na manhã desta sexta-feira (27), durante a Operação Ormetà, tem mais de mil páginas.

A cópia da decisão foi retirada no cartório da 7ª Vara Criminal da Comarca de Campo Grande pelo advogado André Borges no fim da manhã e entregue para Siufi em um pen drive.

Por volta das 17h30, a reportagem entrou em contato com Siufi para ter informações sobre o teor da decisão que prendeu preventivamente Jamil Name e Jamil Name Filho e o advogado não quis adiantar. “É uma decisão longa, são mais de mil páginas”, comentou Siufi, afirmando que trabalhará durante toda à noite e até madrugada antes de decidir os próximos passos da defesa.

Preso chega em sede do Garras pela manhã. (Foto: Liniker Ribeiro)Preso chega em sede do Garras pela manhã. (Foto: Liniker Ribeiro)

Adelino também foi levado para a delegacia em flagrante (Foto: Kisie Aionã)

Adelino também foi levado para a delegacia em flagrante (Foto: Kisie Aionã)

José Antônio afirmou que a arma não era usada (Foto: Kisie Aionã)

José Antônio afirmou que a arma não era usada (Foto: Kisie Aionã)

Empresário Jamil Name durante deixando o IMOL após exame de corpo de delito (Foto: Correio do Estado/Valdenir Rezende)Empresário Jamil Name durante deixando o IMOL após exame de corpo de delito (Foto: Correio do Estado/Valdenir Rezende)

A Operação

Os presos – A investigação que resultou na prisão de Jamil Name começou em maio deste ano, com a prisão do então guarda-municipal Marcelo Rios, flagrado com um arsenal, que tinha o mesmo modelo de fuzil usado em três execuções em Campo Grande.

As vítimas foram Ilson Martins de Figueiredo (policial militar reformado e então chefe da segurança da Assembleia Legislativa), Orlando da Silva Fernandes (ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat) e o universitário Matheus Coutinho Xavier (a suspeita é de que o alvo fosse seu pai, um policial militar reformado).

Na sequência, foram presos outros dois guardas municipais que também trabalhavam na segurança do empresário. Robert Vitor Kopetski e Rafael Antunes Vieira foram denunciados pelo Gaeco por obstruir investigação e integrar organização criminosa. O segurança Flavio Narciso Morais da Silva também foi detido pelos crimes.

Nesta sexta-feira outros quatro guardas municipais foram presos por envolvimento no esquema. Presidente do Sindicato dos Guardas Municipais de Campo Grande, Hudson Bonfim, identificou três dos suspeitos apenas pelo “nome de guerra” - Peixoto, Igor e Eronaldo. O quarto é Alcinei Arantes da Silva.

Policiais civis também foram alvo da operação: Márcio Cavalcanti da Silva, lotado na Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), Elvis Elir Camargo Lima, da 1° DP de Ponta Porã, Frederico Maldonado Arruda, da Polinter (Serviço de Polícia Interestadual) e Vladenilson Daniel Olmedo, agente da Polícia Civil aposentado.

Elvis Elir já foi preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) em janeiro de 2013. À época, o agente trabalhava em Porto Murtinho e foi ligado a casos de corrupção na Prefeitura de Jardim e tortura a um preso. Ele teria contado com a ajuda de Frederico Maldonado nas agressões. Os dois acabaram inocentados no processo.

Já Vladenilson Olmedo, que hoje está aposentado, também já teve o nome envolvido com o crime. Em junho de 2008, o pistoleiro Aparecido Roberto Nogueira, conhecido como Betão, era foragido da Justiça Brasileira, condenado a 20 anos de prisão, quando foi capturado por policiais paraguaios em uma casa em Pedro Juan Caballero, ao lado de llson Martins de Figueiredo e do policial.

Betão e Ilson foram assassinados anos depois. O militar era sargento reformado da PM e segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, quando foi executado em junho de 2018. O pistoleiro também foi morto, em 2016.

Ainda conforme apurado pela reportagem, Andreson Coreia, militar do Exército Brasileiro também foi presos da operação. O policial federal aposentado Everaldo Monteiro de Assis, suspeito de vazar informações de um sistema da polícia para ajudar os milicianos, completa a lista dos agentes da segurança presos nesta sexta-feira. O mandado contra ele foi cumprido em Bonito, distante 257 quilômetros de Campo Grande.

Segundo o delegado Fábio Peró, do Garras, o PF foi preso por policiais federais por força de mandado de prisão temporária de 30 dias. Perícia realizada no pen drive apreendido com Marcelo Rios revelou arquivos com devassa sobre a vida do fazendeiro Edilson Francischinelli, da região de Bonito. O dossiê foi elaborado pelo policial federal.

As equipes ainda estiveram na casa do advogado Alexandre Franzoloso, presidente em Mato Grosso do Sul da Abracrim (Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas), para cumprir mandado de busca e apreensão. Franzoloso é filho do advogado Sérgio Franzoloso, vítima de execução em seu escritório, no Jardim dos Estados, no ano de 2002. O crime foi atribuído a um presidiário, condenado a 18 anos de prisão.

Os presos preventivamente serão enviados a presídios da Capital ainda nesta sexta-feira. Os alvos dos mandados de prisão temporária ficarão nas celas da 3ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande e da Def (Delegacia Especializada de Repressão ao Crimes de Roubo e Furto).