BNDES tem lucro recorde em 2019 e acelera apoio à estruturação de concessões e privatizações

IVIAGORA


• Resultado (R$ 17,7 bilhões) foi 164% superior a 2018. Venda de R$ 16,5 bi em participações societárias, com lucro de R$ 11,4 bi, foi o principal fator


• Para Montezano, números mostram que Banco tem  caixa e liquidez confortáveis para atuar de forma contracíclica 


• Com carteira de 57 projetos e investimento total previsto de R$ 176 bi, fábrica de projetos de concessões e privatizações foi um dos destaques do ano

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro líquido de R$ 17,72 bilhões em 2019, com crescimento de 164% em relação a 2018 (R$ 6,71 bilhões). Esses dados e as novas perspectivas do banco com foco no lucro social, alinhadas ao Plano Trienal 2020 – 2022, foram apresentados pela diretoria da instituiçãoem coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 11. 

“É um lucro recorde para a história do Banco. Naturalmente, a performance financeira é algo relevante para qualquer instituição, mas, em se tratando do BNDES, mais importante que o lucro financeiro é quanto ele gera de lucro social, como desenvolve o Brasil e melhora a vida dos brasileiros”, avaliou o presidente Gustavo Montezano.

Segundo o executivo, 2019 foi “um ano de transição”, preparatório para o Plano Trienal, que estabeleceu as 15 principais entregas da instiutição entre 2020 e 2022.A venda de ações, que rendeu R$ 16,5 bilhões ao BNDES, com lucro bruto de R$ 11,4 bilhões, foi o principal fator que influenciou o desempenho em 2019. O destaque foi a incorporação da Fibria pela Suzano, ocorrida no primeiro semestre.

A carteira de participações societárias em empresas coligadas e não coligadas alcançou R$ 111,9 bilhões em 31 de dezembro de 2019. A posição representa um crescimento de R$ 17,25 bilhões (18,2%) no ano, a despeito das alienações relevantes ocorridas no primeiro semestre — como Petrobras, Vale e Fibria. O incremento se deveu principalmente à valorização dos papeis de sociedades não coligadas, com destaque para Petrobras e Eletrobras. 

De acordo com Montezano, é importante reduzir a exposição do patrimônio do banco à carteira de renda variável. “Este momento de volatilidade do mercado nos lembra da importância e do papel contracíclico do BNDES para o sistema financeiro e para a sociedade. Nessas horas, a presença do BNDES como um ‘seguro’ para o sistema brasileiro torna-se mais importante. Quando o mercado piora e as ações caem, o Banco sente. Não podemos deixar que isso afete a sua capacidade contracíclica”, afirmou.

Ativos – O ativo do Sistema BNDES totalizou R$ 728,2 bilhões em 31 de dezembro de 2019, apresentando queda de R$ 74,3 bilhões (-9,3%) no exercício. A redução resultou principalmente do pagamento antecipado de R$ 100 bilhões em dívidas com o Tesouro Nacional.

Em 2019, o BNDES contribuiu com R$ 142,2 bilhões ao Tesouro, sendo R$ 123 bilhões relativos à dívida com a União (R$ 100 bilhões de antecipação e R$ 23 bilhões em pagamentos ordinários), R$ 9,5 bilhões a título de dividendos e R$ 9,7 bilhões na forma de tributos. 

Em 31 de dezembro de 2019, os recursos do FAT e do PIS-Pasep representavam 43% das fontes de recursos do Banco (em 2018, totalizavam 36%). Já o Tesouro Nacional representava 27% do total (no ano anterior, o montante equivalia a 38%). Para a diretora Financeira Bianca Nasser, “a redução da participação dos empréstimos com o Tesouro e o aumento da relevância proporcional do FAT representam uma volta à composição histórica do funding do BNDES”.

A carteira de crédito somou R$ 441,8 bi em 31 de dezembro de 2019. No ano, essa carteira registrou declínio de R$ 55,3 bilhões (-11,1%) em razão do volume de recebimentos, que superou os desembolsos em R$ 90,2 bilhões. 

O nível de inadimplência (que considera atrasos superiores a 90 dias) melhorou, apresentando queda no período. Desconsideradas as operações com honra da União, a inadimplência recuou de 1,67% em 31 de dezembro de 2018 para 0,84% na mesma data de 2019, abaixo do índice do Sistema Financeiro Nacional (2,92% em 31 de dezembro de 2019).

Solidez – O Índice de Basileia subiu de 29%, ao final de dezembro de 2018, para 36,8%, em dezembro de 2019, acima dos 10,5% exigidos pelo Banco Central. Essa melhora foi resultado tanto do aumento do patrimônio de referência quanto da redução dos ativos ponderados pelo risco. 

“O BNDES está estável em caixa e liquidez. Temos capital e caixa para atender aos pedidos. Isso é atuar contracíclicamente. Não há qualquer descontinuidade para os clientes do Banco”, afirmou Montezano, lembrando que, neste momento, com o cenário de juros mais baixos da história, o BNDES está com taxas bastante competitivas.

“Lucro social” – Além dos resultados financeiros, o BNDES apresentou um balanço de sua atuação em 2019. O diretor de Crédito e Garantia, Petrônio Cançado, informou que os projetos de financiamento aprovados no ano passado contribuirão para aumentar em 1.773 MW a capacidade de geração energética (sendo 1.208 MW em fontes renováveis), o suficiente para atender 14,6 milhões de pessoas. 

Esses projetos também implicam a implementação de 13,3 mil novas ligações de esgoto e 1,4 mil de água. Ainda em saneamento, os sete projetos de estruturação de concessões capitaneadas pelo BNDES — junto aos Estados de Alagoas, Acre, Amapá, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, além das cidades de Cariacica (ES) e Porto Alegre (RS) — vão levar água e esgoto a 20,8 milhões de pessoas. 

O diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs, Fábio Abrahão, destacou que, no ano passado, o BNDES criou a chamada fábrica de projetos de concessões e privatizações, que vai beneficiar diretamente a população brasileira com saneamento, transporte, saúde, educação e segurança, assim como emprego, renda e tributos.

O banco de fomento fechou 2019 com uma carteira de 57 projetos, que devem gerar um investimento total de R$ 176 bilhões na economia brasileira. 

 

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