Brasileiro não sabe se escuta o ministro ou o presidente, diz Mandetta à Globo

IVIAGORA


Em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, que foi ao ar na noite desse domingo (12), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou da relação atual com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), fez previsões sobre o futuro do país diante da pandemia e defendeu a necessidade de uma "fala única" neste momento. Mandetta declarou que a falta de um direcionamento comum entre ministério e governo deixa o brasileiro confuso. 

"Se eu estou ministro da Saúde, eu estou ministro da Saúde por obra de nomeação do presidente. O presidente olha muito também pelo lado da economia. E chama muito a atenção o lado da economia. O Ministério da Saúde entende a economia, entende a cultura e educação, mas chama pelo lado de equilíbrio de proteção à vida. Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e que a gente possa ter uma fala única, unificada. Por que isso leva para o brasileiro uma dubiedade: ele não sabe se escuta o ministro da Saúde, se ele escuta o presidente, quem é que ele escuta."

Embora tenha deixado claras as divergências com Bolsonaro, o ministro garantiu que não há inimizade entre os dois. "Nosso principal adversário, o inimigo, é o coronavírus".

Mesmo com a fala conciliadora, Mandetta também avaliou que a aglomeração de pessoas em padarias e supermercados é "claramente uma coisa equivocada". Na quinta-feira (9), Bolsonaro voltou a romper o isolamento e foi a uma padaria em Brasília, onde consumiu alimentos e abraçou apoiadores, indo contra as orientações do próprio Ministério da Saúde.

Na entrevista, o ministro também fez uma projeção sobre o cenário futuro para o Brasil diante da pandemia. Ele afirmou que os efeitos da doença no país dependem do comportamento da sociedade. "Cada um dos brasileiros vai ter consciência de que o individual é responsável pelo coletivo".

O titular da Saúde disse também que as próximas semanas serão "muito duras" e que se pode aguardar um aumento de casos da segunda quinzena de abril até junho. "Serão dois a três meses de muito questionamento", declarou. "Vão aparecer muitos 'engenheiros de obra pronta', pessoas que depois de fazermos o possível e o impossível, vão dizer que algo deveria ter sido feito 'assim' ou 'assado'", previu.

Diante do desafio, Mandetta declarou que se apoiará no trabalho, na ciência e no planejamento para "sairmos disso juntos". "Não é num passe de mágica que vamos passar por isso", declarou.

 

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