Capim-camalote será a planta daninha a ser batida nos próximos anos

IVIAGORA


Método químico é o mais eficiente no controle dessa e de outras invasoras. Porém, não pode ser o único. Manejo deve integrar modalidades culturais e ser sustentável

A Corteva realizou, na última quarta-feira (29), um webinar sobre o manejo de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar. O evento contou com a participação do consultor e sócio-diretor da Agro Analítica, Weber Valério, que detalhou várias técnicas para um manejo integrado e sustentável dessas invasoras.

Segundo ele, o setor enfrenta hoje uma complexidade muito maior de plantas daninhas do que em anos anteriores. Fato causado, principalmente, pela mudança no sistema produtivo da cultura, que migrou da colheita manual com cana queimada para mecanizada de cana crua.

Valério explicou que a ação do fogo na pré-colheita da cana-de-açúcar otimizava a ação dos herbicidas e reduzia a disseminação de propágulos. Além disso, nesta época, a flora convencional consistia em plantas daninhas de sementes pequenas as intervenções eram realizadas apenas em períodos úmidos. “Hoje, com a ausência do fogo e a presença de um colchão de palha sobre o canavial, ocorrem mais perdas dos herbicidas (retenção/fotólise), a flora é mais complexa e ampla (sementes grandes), há também maior disseminação de propágulos e as intervenções são agora realizadas em todos os períodos, inclusive nos secos.”

De acordo com o consultor, o método químico ainda é o mais eficiente no controle dessas invasoras, porém, não pode ser o único. “Devido à complexidade das plantas daninhas, apenas o manejo químico não será suficiente. Devemos integrar também o preventivo e o cultural.”

A rotação de culturas é uma das técnicas sugeridas por Valério, pois ela irá modificar a população de plantas daninhas infestantes. Maior qualidade nas operações de preparo de solo; eficiência nas dessecações; controle de pragas e doenças; adubação e correção mediante diagnósticos precisos; alocação de variedades em ambientes que possam expressar todo seu potencial genético; incorporação de herbicidas (graminicidas ou latifolicidas); manejo com herbicidas de mecanismos de ação diferentes; intervenções em pré-emergência total da cultura e das plantas daninhas e maior eficiência nas aplicações (mais produto no alvo e bem distribuído) também foram ações recomendadas durante o webinar da Corteva.

O consultor da Agro Analítica falou, ainda, sobre o Capim-Camalote, que deverá ser a planta daninha “a ser batida nos próximos anos”. Planta da família botânica Poaceae, essa espécie possui ciclo de vida anual ou perene, dependendo das condições ambientais. Ela se reproduz a partir de sementes podendo, também, ser multiplicado por pedaços de caule, os quais possuem gemas em seus nós. Pode atingir de um metro a um metro e meio de altura, ocupa um metro quadrado, e é capaz de produzir por volta de 15 mil sementes, que podem ficar dormentes nos solos por até quatro anos.

“Devido sua grande capacidade de dispersão e difícil controle, esta planta infestante tem incomodado boa parte das usinas e produtores canavieiros. Com a chegada da colheita mecanizada, a própria máquina passou a ser uma grande dispersora destas sementes, aumentando o problema de infestação do camalote. Por isso, a assepsia das colhedoras é tão importante.”