Fotógrafo da vida selvagem fica de frente com onça-pintada no Pantanal de MS: 'Foram 6 anos por esse encontro'

IVIAGORA


Foram seis anos até o fotógrafo da vida selvagem, André Bittar, de 28 anos, realizar o sonho de fotografar uma onça-pintada. O encontro tão esperado, aconteceu na última quarta-feira (5), no Pantanal da região do Salobra, em Miranda.

Segundo Bittar, que está acompanhado de um cinegrafista no Refúgio da Ilha, à serviço de uma ONG que visa a preservação da região, os dois têm registrado a vida selvagem do bioma e reforça que o pensamento sempre está em encontrar o felino.

"Eu achei que nunca iria ver e até pensava que era pé frio. Há seis anos eu vi uma fotografia de onça-pintada no visor da máquina de um amigo meu que é fotógrafo e eu falei que um dia iria fotografar uma também. Foi a realização de um sonho", explicou ao G1.

 Conforme o fotógrafo, a distância entre ele e o felino foi de apenas 5 metros. André reforça que a vontade de fazer o registro era tão grande que não ficou receoso com um dos animais mais admirados e temido ao mesmo tempo.

Apesar de estar feliz com o resultado da imagem, Bittar alerta para a preservação do Pantanal que vem sofrendo com grandes incêndios nas últimas semanas: "Essa região que estou não está sofrendo tanto com o fogo, mas meu coração ficou extremamente divido com a sensação de estar presente em uma unidade com a natureza e dividido pelo medo do cenário atual para a preservação do meio ambiente", e ainda acrescentou

"Será que um dia meu filho ainda vai ter a sorte de ver tudo isso que estou presenciando? Depois eu fiquei mais tomado pela sensação do medo do que de realização, além do pânico de pensar que tudo isso pode acabar", lamenta.

O fotógrafo que há quase um ano registrou o varal de Andorinhas, também no Pantanal, após uma onda de incêndios na região, em uma pousada localizada em Miranda, fez 72 cliques até ele chegar à imagem.

A foto que viralizou nas redes sociais, mostra 23 pássaros que sobrevoam e aproveitam uma cerca e no lugar para "se deliciarem" com a chuva, a segunda após um período de estiagem e combate ao fogo na região.

Andorinhas são flagradas tomando banho de chuva no Pantanal de MS. — Foto: André Bittar

"Naquele momento algo mágico começou a acontecer. Parece que é um lance entre elas, uma brincadeira", contou Bittar, que esperou 50 minutos para fazer o clique. Na ocasião, ele diz que colocou uma toalha para não molhar a máquina fotográfica e observou o momento em que várias andorinhas chegaram à pousada, algo difícil de acontecer, segundo o profissional.

Com 8 anos de experiência na área, o fotógrafo conta que fica muito feliz ao presenciar uma transformação diária na natureza. "Acho que é uma foto que conta muito. Este é o meu primeiro ano com um trabalho autoral e pretendo ter um documentário registrando a vida selvagem no Pantanal, além de um livro com as minhas imagens. No caso desta fotografia, não é só estética, mas uma imagem com informação para falar desse momento difícil que o Pantanal passou, com tantos focos de incêndio. Eu também vejo as flores pela manhã e, durante a tarde, o verde é ainda mais verde", finaliza.